Homens de gravatas e tosco sem fosso
Intempéries do mal, retardo social
Ferruginosos ensopados de promessas castas e virulentas
Engorduradas mãos de musgo
Alma a vós foram negadas
Juntaram as minervas do inferno
e fizeram a mais trole gama de homens indecentes e pútridos
que povo algum jamais desejaria ter
Oh comedores de olhos, suores e salivas
Imagino-os entrando na câmara
Bodes de barbas enfiadas no nariz
e na baba sempre afinada a dizer elucubrações mentirosas
Olhos de poderes e dinheiro
Mentes insanas e perfuradas de buracos ocos
'Sou o representante do meu povo'
'Lutarei com ele por seus interesses'
Falsidades, vociferação de lúgubres palavras demagogas
Ignóbil e pútrido veneno da sociedade
Vil tecelã da pobreza, do oprimido e do agressor
Guardarei seus nomes no dissoluto tempo da vida
Com autoridade de povo usurpado eu vos julgo culpados
Culpados pelo desemprego, pela pobreza, pela falta de vida
Culpados pelos sem teto, pelos sem terra e pelos sem pão
Pela criança que nasce e morre,
se não morre, trabalha aos oito, fuma aos nove e mata aos quinze
Pela droga que domina as narinas dos nossos filhos
Pelo assaltante que rouba e mata
Pela menina que vende o corpo e a alma
Pela chacina que ocorreu no subúrbio
Pelo prédio que caiu por descuido
Pela árvore que saiu sem volta
Pela onda que está sempre imprópria
Pela noite que escondeu a história
Pelo filho que matou a família
Pela escola que ficou muda
Pela relva que não molha mais nada
Pelo nada que só se encontra em nossa alma
Pelo projeto cancelado, pela obra sem medida
Pela medida só política
Ódio e rancor, ódio corrosivo
Ódio de tudo que perdeu sentido
Do camelô que perdeu o trilho
Do lixo que encobriu o rio
Quereria ser eu uma onça prisunha
e extirpar-vos-ia, membro a membro, em insaciáveis engulhos antropofágicos
Oh! Como sois vis, como sois cardos
Vermes fungicidas do fundo do mar da vida