(dedicado à minha mãe,
baseado em seu livro de receitas)
Minha mãe chegou de avental e mãos ainda úmidas,
reuniu-nos em volta,
abençoou a todos apenas com o olhar,
e trouxe um bolo de chocolate
Delicioso bolo
batido em neve, quatro ovos,
quatro xícaras de farinha,
duas xícaras de açúcar,
duas xícaras de água morna
uma xícara e meia de chocolate,
duas colheres de fermento
e muito desejo na alma ............
com a forma untada de manteiga
levou ao forno quente
e colocou no rádio uma deliciosa valsa vienense ..............
depois de pronto, ainda morno,
furou todo bolo com um garfo
e despejou por cima
uma xícara de leite morno,
uma xícara de chocolate,
uma xícara de açúcar,
uma colher de manteiga
e pronto
Não havia nada mais verdadeiro no mundo
do que aquele bolo de chocolate,
uma verdade tão simples, mas tão forte
feito com amor, dedicação e doação
Uma luz refletia esse propósito
a mim, a meus irmãos, aos meus primos, aos meus tios
e a todos os amigos que sentavam-se à mesa
e provavam aquela essência
E por onde quer que eu vá e veja um bolo,
Vem-me à memória o bolo de chocolate feito por minha mãe
Aniversário da Vó Déia - 82 anos
domingo, 10 de novembro de 2013
sábado, 12 de outubro de 2013
POEMINHA AO FAZEDOR DE BRINQUEDOS
(feliz dia das crianças, sempre!
para Pedro Alberto Bissoli)
No alto das grandes ideias vai o engenhoso evolucionário
Fabricando sonhos de pura simetria para a tenra idade
Desenhando um novo país de PIBs, esperança e caridade
Ensinando o detalhe laborioso aos seus funcionários
Segue sem medo de enfrentar as Uniteds S.A of the world
Ele conhece os donos de Nova York e seus contratos de coldre
Com sua razão de garras e giz, ele tece novos amanhãs
Guiando os bons e extremamente rude aos cheios de artimanhas
Sua gota de sangue explosiva e sua face sempre verdadeira
Constrói com seriedade os bonecos das gerações timoneiras
Brinquedos que irão ensinar nossas crianças a aprender brincando
Caminhar jogando, jogar ganhando e a perder edificando
O engenhoso homem tem a força motriz de um leão em pé de guerra
E a doçura dos grandes homens que não descuidam da sua terra
No alto das grandes ideias vai o engenhoso evolucionário
Fabricando sonhos de pura simetria para a tenra idade
Desenhando um novo país de PIBs, esperança e caridade
Ensinando o detalhe laborioso aos seus funcionários
Segue sem medo de enfrentar as Uniteds S.A of the world
Ele conhece os donos de Nova York e seus contratos de coldre
Com sua razão de garras e giz, ele tece novos amanhãs
Guiando os bons e extremamente rude aos cheios de artimanhas
Sua gota de sangue explosiva e sua face sempre verdadeira
Constrói com seriedade os bonecos das gerações timoneiras
Brinquedos que irão ensinar nossas crianças a aprender brincando
Caminhar jogando, jogar ganhando e a perder edificando
O engenhoso homem tem a força motriz de um leão em pé de guerra
E a doçura dos grandes homens que não descuidam da sua terra
sexta-feira, 21 de junho de 2013
POLITICAGEM
"Um grito de protesto contra o pior tipo de bandido do Brasil: o político corrupto"
Homens de gravatas e tosco sem fosso
Intempéries do mal, retardo social
Ferruginosos ensopados de promessas castas e virulentas
Engorduradas mãos de musgo
Alma a vós foram negadas
Juntaram as minervas do inferno
e fizeram a mais trole gama de homens indecentes e pútridos
que povo algum jamais desejaria ter
Oh comedores de olhos, suores e salivas
Imagino-os entrando na câmara
Bodes de barbas enfiadas no nariz
e na baba sempre afinada a dizer elucubrações mentirosas
Olhos de poderes e dinheiro
Mentes insanas e perfuradas de buracos ocos
'Sou o representante do meu povo'
'Lutarei com ele por seus interesses'
Falsidades, vociferação de lúgubres palavras demagogas
Ignóbil e pútrido veneno da sociedade
Vil tecelã da pobreza, do oprimido e do agressor
Guardarei seus nomes no dissoluto tempo da vida
Com autoridade de povo usurpado eu vos julgo culpados
Culpados pelo desemprego, pela pobreza, pela falta de vida
Culpados pelos sem teto, pelos sem terra e pelos sem pão
Pela criança que nasce e morre,
se não morre, trabalha aos oito, fuma aos nove e mata aos quinze
Pela droga que domina as narinas dos nossos filhos
Pelo assaltante que rouba e mata
Pela menina que vende o corpo e a alma
Pela chacina que ocorreu no subúrbio
Pelo prédio que caiu por descuido
Pela árvore que saiu sem volta
Pela onda que está sempre imprópria
Pela noite que escondeu a história
Pelo filho que matou a família
Pela escola que ficou muda
Pela relva que não molha mais nada
Pelo nada que só se encontra em nossa alma
Pelo projeto cancelado, pela obra sem medida
Pela medida só política
Ódio e rancor, ódio corrosivo
Ódio de tudo que perdeu sentido
Do camelô que perdeu o trilho
Do lixo que encobriu o rio
Quereria ser eu uma onça prisunha
e extirpar-vos-ia, membro a membro, em insaciáveis engulhos antropofágicos
Oh! Como sois vis, como sois cardos
Vermes fungicidas do fundo do mar da vida
Homens de gravatas e tosco sem fosso
Intempéries do mal, retardo social
Ferruginosos ensopados de promessas castas e virulentas
Engorduradas mãos de musgo
Alma a vós foram negadas
Juntaram as minervas do inferno
e fizeram a mais trole gama de homens indecentes e pútridos
que povo algum jamais desejaria ter
Oh comedores de olhos, suores e salivas
Imagino-os entrando na câmara
Bodes de barbas enfiadas no nariz
e na baba sempre afinada a dizer elucubrações mentirosas
Olhos de poderes e dinheiro
Mentes insanas e perfuradas de buracos ocos
'Sou o representante do meu povo'
'Lutarei com ele por seus interesses'
Falsidades, vociferação de lúgubres palavras demagogas
Ignóbil e pútrido veneno da sociedade
Vil tecelã da pobreza, do oprimido e do agressor
Guardarei seus nomes no dissoluto tempo da vida
Com autoridade de povo usurpado eu vos julgo culpados
Culpados pelo desemprego, pela pobreza, pela falta de vida
Culpados pelos sem teto, pelos sem terra e pelos sem pão
Pela criança que nasce e morre,
se não morre, trabalha aos oito, fuma aos nove e mata aos quinze
Pela droga que domina as narinas dos nossos filhos
Pelo assaltante que rouba e mata
Pela menina que vende o corpo e a alma
Pela chacina que ocorreu no subúrbio
Pelo prédio que caiu por descuido
Pela árvore que saiu sem volta
Pela onda que está sempre imprópria
Pela noite que escondeu a história
Pelo filho que matou a família
Pela escola que ficou muda
Pela relva que não molha mais nada
Pelo nada que só se encontra em nossa alma
Pelo projeto cancelado, pela obra sem medida
Pela medida só política
Ódio e rancor, ódio corrosivo
Ódio de tudo que perdeu sentido
Do camelô que perdeu o trilho
Do lixo que encobriu o rio
Quereria ser eu uma onça prisunha
e extirpar-vos-ia, membro a membro, em insaciáveis engulhos antropofágicos
Oh! Como sois vis, como sois cardos
Vermes fungicidas do fundo do mar da vida
domingo, 24 de março de 2013
MULHER AFEGÃ
“se não houver frutos, valeu
a beleza das flores;
se não houver flores, valeu a sombra das folhas;
se não houver folhas, valeu a intenção da semente.”
Henfil
Os casamentos arranjados são o único amor que persiste
Meninas são vendidas como mulas por suas famílias mudas
São espancadas violentadas apedrejadas mutiladas
A pressão social trava qualquer acesso à educação
Bibi Aisha teve o nariz e as orelhas por seu marido decepadas
Tentando fugir da violência bárbara de uma união forçada
Existem tantas outras como Nilofar que fugiu da faca e da ânsia
Dos pais, irmãos e vizinhos, por negar seus votos de infância
Apesar da audácia dessas meninas em terras tão desoladas
Ainda estão longe as amarras de suas almas por séculos aprisionadas
Aquele olhar de mãe que protege e estimula os filhos aos desafios externos
Para que a criança seja apenas criança, o saber nosso meio e o amor o nosso fim)
se não houver flores, valeu a sombra das folhas;
se não houver folhas, valeu a intenção da semente.”
Henfil
Mulher afegã, de hijab e rosto à mostra, não se iluda
A vida em seu país mísero ainda é a pior que existeOs casamentos arranjados são o único amor que persiste
Meninas são vendidas como mulas por suas famílias mudas
Muitas são compradas como escravas para prostituição
Ai daquelas que resistem ou denunciam a encilhadaSão espancadas violentadas apedrejadas mutiladas
A pressão social trava qualquer acesso à educação
Assim como a menina Malala exigindo o direito ao estudo
Foi trespassada por bala na testa por seu diário contando tudoBibi Aisha teve o nariz e as orelhas por seu marido decepadas
Tentando fugir da violência bárbara de uma união forçada
Gul Meena vive hoje marcada pelas cicatrizes do machado
Desferido por seu irmão, em desonra da sua fuga com o namoradoExistem tantas outras como Nilofar que fugiu da faca e da ânsia
Dos pais, irmãos e vizinhos, por negar seus votos de infância
Lutai mulheres do mundo! A violência bate à vossa porta
Por toda parte crianças são maltratadas, escravizadas e mortasApesar da audácia dessas meninas em terras tão desoladas
Ainda estão longe as amarras de suas almas por séculos aprisionadas
(O mundo só terá salvação quando as mulheres assumirem esse bodeguim
E governarem cada país, cada cidade e cada vila com olhar
maternoAquele olhar de mãe que protege e estimula os filhos aos desafios externos
Para que a criança seja apenas criança, o saber nosso meio e o amor o nosso fim)
sábado, 2 de março de 2013
O MENINO EM SEU TRAJE
(Baseado em fatos reais de um
aluno em uma Escola Estadual
da cidade de São Paulo -
da cidade de São Paulo -
Um estupro no meio da vida,
um menino no meio do nada)
Vai o pequeno menino em seu traje,
um ser formado numa pequena torre de areia,
um recém-nascido perdido
condenado antes de nascer
à sombra eterna que cobre sua catástrofe,
“nascido de pai incerto e mãe violentada”.
É o vestígio e elo de uma noite bestial,
despreparado para o grande drama de sua vida
que ele, inocentemente, nem sabia o que estava por vir.
Samira tão bela e jovem
tinha apenas quatorze anos quando os homens
Vai o pequeno menino em seu traje,
um ser formado numa pequena torre de areia,
um recém-nascido perdido
condenado antes de nascer
à sombra eterna que cobre sua catástrofe,
“nascido de pai incerto e mãe violentada”.
É o vestígio e elo de uma noite bestial,
despreparado para o grande drama de sua vida
que ele, inocentemente, nem sabia o que estava por vir.
Samira tão bela e jovem
tinha apenas quatorze anos quando os homens
do mal tocaram sua agonia.
Depois de devorarem sua rosa, largaram seu corpo desnudo
em carne e osso no matagal de suas lamentações,
coberto de lama e sangue,
desvestido de sua branca castidade.
Ela, numa ingenuidade de criança,
guardou solitária a dor daquela sequela.
Até que inesperadamente veio o menino
num torpe vendaval escuro,
desarmando qualquer ginete ou pílula citotec,
amaciando o áspero rócio.
Ninguém entendeu em Samira sua espada silenciosa.
O manto genital protegeu o menino do fulgor da praça ruidosa
que queriam condená-lo à morte antecipada,
à sombra eterna da bomba catalíptica.
Assim ele foi nascendo e crescendo
rejeitado pela vida, abençoado pela mãe
pois em dias de morte a vida é uma benção -
há sempre uma luz pela fresta de uma nova porta.
E o homem que Samira arrumou para amar
mirava o menino implacável.
Não entendia, na inteligência, uma razão
para aquela prolongada agonia.
Rolavam pedras em ruídos incessantes em seu pensamento,
uma geometria de corno em largos desnudos.
Com uma máscara ele ajudou Samira a criar seu menino,
sem defender, sem conquistar, totalmente cego.
Ele ficou imóvel como um prato de restos sujos
vendo aquela vida áspera sendo pisoteada,
a cabeça submergida no esterco de sua existência,
e assim ele entregou o menino aos mercadores de sangue.
Mergulharam-no nos porões do crime e das drogas,
deixaram-no perdido na cidade abandonada,
faminto, no caminho dos descaminhos,
coberto pela escuridão, aprendendo a viver no vento negro.
Mas Samira não desistiu e foi a sua procura
por rios, pontes, becos, buracos escusos.
Finalmente encontrou-o numa boca,
preso às garras negras dos traficantes de almas.
E o tirou daquele inferno,
devolvendo-lhe aos livros, ao alfabeto da vida.
Envolvendo-o em coração e pele,
educou-o da cabeça aos pés,
como uma longa flecha seguida por um vento dirigido,
ensinou-lhe o caminho da vitória,
alimentando-lhe de amor e sabedoria.
E o menino virou homem,
limpou todo sangue deixado pelo caminho,
trabalhou todos os preconceitos visíveis e invisíveis,
desenozou o fio espiral do seu passado,
disciplinou o vento furação que insistia em quedá-lo ao chão.
Fez-se fibra dos ossos e da tripa
e dos olhos, em cristal transparente, se mostrava e observava.
E então ele se fez professor,
abraçando para si a verdade dos oprimidos,
e foi pelo mundo ensinando a velha e nova dignidade,
aquilo que todos os homens tanto procuram e não acham,
e se perdem, nas mil e uma seduções das prevacariações da vida.
E aqueles olhos de menino que tanto arderam em morte,
hoje, salpicavam, espalhando orvalho e pétalas de amor,
pois em dias de morte a vida sempre é uma benção.
Depois de devorarem sua rosa, largaram seu corpo desnudo
em carne e osso no matagal de suas lamentações,
coberto de lama e sangue,
desvestido de sua branca castidade.
Ela, numa ingenuidade de criança,
guardou solitária a dor daquela sequela.
Até que inesperadamente veio o menino
num torpe vendaval escuro,
desarmando qualquer ginete ou pílula citotec,
amaciando o áspero rócio.
Ninguém entendeu em Samira sua espada silenciosa.
O manto genital protegeu o menino do fulgor da praça ruidosa
que queriam condená-lo à morte antecipada,
à sombra eterna da bomba catalíptica.
Assim ele foi nascendo e crescendo
rejeitado pela vida, abençoado pela mãe
pois em dias de morte a vida é uma benção -
há sempre uma luz pela fresta de uma nova porta.
E o homem que Samira arrumou para amar
mirava o menino implacável.
Não entendia, na inteligência, uma razão
para aquela prolongada agonia.
Rolavam pedras em ruídos incessantes em seu pensamento,
uma geometria de corno em largos desnudos.
Com uma máscara ele ajudou Samira a criar seu menino,
sem defender, sem conquistar, totalmente cego.
Ele ficou imóvel como um prato de restos sujos
vendo aquela vida áspera sendo pisoteada,
a cabeça submergida no esterco de sua existência,
e assim ele entregou o menino aos mercadores de sangue.
Mergulharam-no nos porões do crime e das drogas,
deixaram-no perdido na cidade abandonada,
faminto, no caminho dos descaminhos,
coberto pela escuridão, aprendendo a viver no vento negro.
Mas Samira não desistiu e foi a sua procura
por rios, pontes, becos, buracos escusos.
Finalmente encontrou-o numa boca,
preso às garras negras dos traficantes de almas.
E o tirou daquele inferno,
devolvendo-lhe aos livros, ao alfabeto da vida.
Envolvendo-o em coração e pele,
educou-o da cabeça aos pés,
como uma longa flecha seguida por um vento dirigido,
ensinou-lhe o caminho da vitória,
alimentando-lhe de amor e sabedoria.
E o menino virou homem,
limpou todo sangue deixado pelo caminho,
trabalhou todos os preconceitos visíveis e invisíveis,
desenozou o fio espiral do seu passado,
disciplinou o vento furação que insistia em quedá-lo ao chão.
Fez-se fibra dos ossos e da tripa
e dos olhos, em cristal transparente, se mostrava e observava.
E então ele se fez professor,
abraçando para si a verdade dos oprimidos,
e foi pelo mundo ensinando a velha e nova dignidade,
aquilo que todos os homens tanto procuram e não acham,
e se perdem, nas mil e uma seduções das prevacariações da vida.
E aqueles olhos de menino que tanto arderam em morte,
hoje, salpicavam, espalhando orvalho e pétalas de amor,
pois em dias de morte a vida sempre é uma benção.
sábado, 2 de fevereiro de 2013
NO JARDIM DA TUA CASA EU ACENDO
No jardim da casa eu te vejo linda, contemplativa
Em meio as dálias, margaridas que tu cativas
Estás a salva ali dos depreciativos tormentos
Pois cultivas, além de flores, tranquilos ventos
O dia é cinza, a noite esconde ocultos engenhos
Mas no teu jardim há cores de intensos desenhos
Numa mágica infinita e impessoal que reaviva os dons
Instigando o olfato e pintando aos quadros novos tons
Ali os sons indesejáveis que nos afligem não são captados
As memórias desenterram antigos tesouros abortados
Os sonhos onipotentes destravam os limites desta vida
É o reino eterno da felicidade silenciosa e desmedida
Na qual sol, mar, terra e lua estão em secreta conjunção
Com Deus, descalço, por teu jardim a caminhar em meditação
Em meio as dálias, margaridas que tu cativas
Estás a salva ali dos depreciativos tormentos
Pois cultivas, além de flores, tranquilos ventos
O dia é cinza, a noite esconde ocultos engenhos
Mas no teu jardim há cores de intensos desenhos
Numa mágica infinita e impessoal que reaviva os dons
Instigando o olfato e pintando aos quadros novos tons
Ali os sons indesejáveis que nos afligem não são captados
As memórias desenterram antigos tesouros abortados
Os sonhos onipotentes destravam os limites desta vida
É o reino eterno da felicidade silenciosa e desmedida
Na qual sol, mar, terra e lua estão em secreta conjunção
Com Deus, descalço, por teu jardim a caminhar em meditação
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