Aniversário da Vó Déia - 82 anos

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terça-feira, 27 de julho de 2010

VIDA E MORTE SE ENLAÇAM (Bissol)

Amiga, assim caminhemos lado a lado
Na rua deserta
Segure minha mão
Não posso suportar tanta realidade
O passado e o futuro se encontram
Se encontram sempre no presente
E tudo é dança
Estive ali naquele momento
E ele foi único no espaço-tempo
Mas tudo é relativo e depende do referencial
E o meu momento, para alguém longínquo será futuro
Logo, somos eterno, pois o espaço é infinito e nossa luz sempre caminhará

Ao enxergar além do horizonte, eu percebo que a Terra é curva

Está escuro e estou com sono
As palavras movem-se lentas, longe
Mas o tempo vive e revive

A vida e a morte se enlaçam
Ao menor vento, tombamos incorpóreos, reduzidos a nada
O rosto claro e rubro, o pulso ora forte, ora fraco,
Dizem que ainda estou vivo
A morte é a paz que transcende a compreensão
Depresa, já é tarde
Pois viver é movimento
Pela graça dos sentidos, eu sinto o mundo girar
Eu preciso libertar meu interior dos desejos e da compulsão

Com ternura, os índios ianomâmis comem as cinzas dos mortos
para honrá-los e incorporá-los aos vivos
É a transformação do corpo de Cristo em pão e vinho
No clamoroso lamento da quimera inconsolado

Toc toc toc batem à porta
(eu sinto que estou vivo)
Alguém veio me ver
A morte e a vida são singulares
Não há equações matemáticas para explicá-las

Eis hoje tudo o que eu pude ser
Queria gritar!
Na iminência da morte, procuramos Deus
E todo nosso conhecimento adquirido aprofunda-se na mais vazia ignorância
Quantos juízos equivocados, quantas fantasias improfundas
Só o instinto nos mantém fortes
A hora urge e no último instante, tudo foi relativamente muito pouco

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